Eu tenho tudo.

Eu vejo a vida como uma dança onde eu não sei bem quais passos dar. Pois às vezes as melodias são incompreensíveis. Ou então são agitadas demais ou… lentas demais. Pior ainda é quando não há sequer uma música. Ou se há, não consigo decifrar. Quando para mim só há o silêncio, me pergunto: como dançar? Para ser mais clara, como viver quando as coisas estão aparentemente quietas e sofridas de tão silenciosas? Os dias passam e não há sequer uma mudança para os meus. O meu coração bate apressadamente, e a ansiedade já é difícil de suportar. As respostas pelas quais clamo não vêm. Os propósitos não consigo avistar e tampouco entender. A minha manhã de risos parece ainda mais distante. Me sinto até estagnada no tempo. Mas reflito que embora só haja o silêncio, não quer dizer que não há uma outra melodia por vir. E que não é por isso que não posso continuar com a minha dança - ou melhor, com a minha vida - e fazer do silêncio algo melhor. Há uma beleza nele. Tudo depende do nosso sentir, da nossa percepção. Me permito então sentir o que há por trás dessa quietude. Me permito ser conduzida por alguém maior que eu. Por quem mais? Por Deus. E aos poucos vou entendendo que seu silêncio não quer dizer ausência. Aguço os meus ouvidos e me dou conta de que é como na simplicidade de um vento que Ele me toca e fala ao meu coração, me moldando conforme o seu querer. Assim, Ele vai me ensinando a dançar novamente; dessa vez de acordo com a sua música. E agora ao ouvi-la, entendo que preciso continuar vivendo, confiando e me alegrando em seu amor não importam as circunstâncias. Pois como o ar que não podemos ver, e sim sentir em volta e dentro de nós, posso senti-lo e saber que não há mais solidão. E nessa dança, vou dando passos pra lá e para cá, girando, e de volta pra lá e para cá. Tudo bem, meu quadro ainda não mudou totalmente. Mas sorrio só de pensar que já tenho o suficiente para continuar com a minha jornada, mesmo enquanto nada muda. Eu tenho a Deus. Eu tenho tudo. — Giovana Chavarria